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Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa

Implementado em 1998 no litoral norte do Paraná e executado desde 2013 também no litoral sul de São Paulo, o Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa contribui para a conservação da espécie no seu habitat natural, a Mata Atlântica, em consonância com o Plano de Ação Nacional (PAN) de Conservação dos Papagaios até 2023 e atualmente com o PAN das Aves da Mata Atlântica.

marca do projeto de conservação papagaio de cara roxa

O constante trabalho da SPVS e de seus parceiros com o Projeto permitiu observar melhorias na condição de sobrevivência da espécie e, com isso, diminuir seu grau de ameaça. Não significa que a espécie esteja segura. Ao contrário, ela ainda necessita de medidas de conservação para que não retorne à Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção. Sendo, neste sentido fundamental a continuidade do Projeto que atualmente tem uma população estimada em cerca de 9 mil indivíduos, restrita a região da Grande Reserva Mata Atlântica

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Foto: Rafael Rivera ©

O Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara roxa existe para salvaguardar os animais na natureza. A venda e compra desta espécie é crime ambiental, podendo caracterizar inclusive tráfico de animais, sujeita a multa e prisões (Lei nº 9.605/98).

Sobre a espécie

O papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) é uma espécie endêmica da Mata Atlântica, ou seja, existente só neste bioma, podendo ser avistada desde o litoral sul de São Paulo (SP) até o litoral do Paraná (PR). A espécie é impactada pela destruição do seu habitat e pela captura ilegal de filhotes, estando por muitos anos na lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção na categoria Vulnerável, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

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Por que apoiar a iniciativa?

Salvaguardar a espécie demanda um conjunto de ações que trazem benefícios diretos ao habitat natural do papagaio-de-cara-roxa e aos moradores locais, além de contribuições inestimáveis para estudos científicos. Para viabilizar o êxito do Projeto, executado pela SPVS, é necessária a união com empresas ou organizações financiadoras, Poder Público, comunidades do entorno e pesquisadores. 

As mais de duas décadas de pesquisa e monitoramento da espécie comprovam que o papagaio-de-cara-roxa representa uma verdadeira oportunidade de desenvolvimento econômico para as regiões do entorno. Além da contratação de mão-de-obra local para apoiar as atividades técnicas e de frequentes capacitações de estudantes, educadores e servidores públicos, há um potencial ainda pouco explorado de desenvolvimento de um turismo ecológico de qualidade para observação das revoadas de papagaios.

 O Poder Público se beneficia, sobretudo, da conservação de áreas naturais em seus municípios, gerando oportunidades como o retorno de ICMS-Ecológico e de desenvolvimento socioeconômico. Já as instituições de pesquisa usufruem de um rico intercâmbio com o conhecimento.  O Projeto pode ser também um estimulante do turismo local. Com os resultados observados em campo é possível apontar, por exemplo, quais os melhores pontos e horários para avistar a ave, bem como indicar quais as práticas para que essa atividade gere o menor impacto possível à espécie. Hoje, o birdwatching é muito explorado no Brasil e no mundo e tem se mostrado economicamente muito lucrativo, sobretudo, para moradores do entorno de Unidades de Conservação.

Já as instituições financiadoras poderão utilizar o papagaio e das ações apoiadas para comunicar seus esforços na agenda ambiental, para engajar seus colaboradores, clientes e parceiros em ações de conservação, para pontuar em certificações (como a Certificação LIFE), para promover e divulgar resultados concretos a longo prazo em meio ambiente.

 Possui interesse em apoiar o Projeto? Entre em contato para tirar dúvidas e fazer uma avaliação sobre como iniciar propostas de parceria.

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Resultados da iniciativa

O Programa reúne pesquisa biológica, monitoramento populacional e reprodutivo, manejo e educação para a conservação da natureza, além do apoio e integração institucional entre órgãos fiscalizadores, instituições não governamentais, de pesquisa e de educação. Conheça a seguir três frentes essenciais para conservação da espécie:

 

Monitoramento de ninhos

Os papagaios-de-cara-roxa constroem seus abrigos preferencialmente em árvores antigas. Através do monitoramento dos sítios reprodutivos, observou-se que o vento e a chuva derrubavam os ninhos, bem como a exploração de árvores de forma ilegal na floresta. Para suprir a carência de abrigos naturais, a partir de 2003 foram instalados no Paraná, e posteriormente no estado de São Paulo, ninhos de madeira e PVC. Este papagaio aceitou de forma muito positiva a ação de manejo, transformando a iniciativa da SPVS de incremento à reprodução em um sucesso. As aves se adaptaram tão bem aos ninhos que, atualmente a maioria dos ninhos instalados, nos principais sítios reprodutivos, são ocupados todos os anos pelos papagaios. 

O acompanhamento aumentou significativamente a segurança dos sítios reprodutivos e se tornou fundamental no combate ao comércio ilegal e ao tráfico da espécie, assegurando a existência dela em vida livre. De outubro a março, profissionais monitoram o período de reprodução, desde os primeiros ovos até o voo dos últimos filhotes, assistindo o desenvolvimento, registrando as medidas das aves, verificando a saúde dos animais, filmando os cuidados parentais e buscando novos ninhos na natureza. 

Desde o início do Projeto foi registrado o nascimento de mais de 1800 filhotes. Dentre eles, mais de 1000 filhotes atingiram sucesso reprodutivo – animais que conseguiram alçar voo e deixar os ninhos. A variação na taxa de sucesso reprodutivo varia ao longo dos anos em decorrência de variações climáticas, recursos alimentares, alterações no habitat por desmatamento ou roubo de filhotes.  A equipe se esforça, ao máximo, para contribuir com o desenvolvimento e sucesso reprodutivo e incremento da população.

 

​Censo populacional anual

Um importante indicador da manutenção da população de papagaios-da-cara-roxa na natureza é o censo populacional, ou seja, a contagem dos indivíduos para obter o tamanho mínimo da população. Alguns dos importantes resultados obtidos por meio do censo são: acompanhamento frequente do tamanho mínimo da população em toda área de distribuição (indicador); conhecimento sobre a dinâmica dos papagaios nos diversos dormitórios da espécie; engajamento de moradores locais em ações de pesquisa e conservação; integração de pesquisadores; capacitação de estudantes e divulgação de temas relacionados à conservação da natureza.

O último censo, em toda área de distribuição, foi em 2018, foram registrados 9.112, sendo que 80% da população de papagaios-de-cara-roxa encontram-se no litoral norte do estado do Paraná, com 7.366 indivíduos. No litoral sul de São Paulo foram registrados 1.746 indivíduos distribuídos nos cinco municípios da área de ocorrência no estado.

O censo populacional do papagaio-de-cara-roxa de 2019, foi direcionado somente para o estado do Paraná, registrou uma população de 7.493 aves. Com os resultados de 2003 a 2019, podemos afirmar que a população de papagaios no litoral do Paraná é estável, sendo registrado incrementos na população ao longo dos anos. Isto demonstra que os esforços para a proteção da espécie e seu habitat estão tendo resultados significativos.

O monitoramento indica quais as principais áreas que os papagaios utilizam para abrigo e alimentação. As maiores concentrações ocorrem nos dormitórios do Parque Nacional do Superagui e das ilhas Rasa, do Mel e Rasa da Cotinga. As áreas do entono dos dormitórios são muito utilizadas pelos papagaios ao longo do dia para forrageamento, com destaque as planícies do município de Pontal do Paraná, pois mais da metade da população utiliza essa região em determinados períodos do ano. No dormitório situado no município de Guaratuba, extremo sul da área de ocorrência da espécie, vêm sendo monitorado um população reduzida. Já em Santa Catarina, não há registro da espécie a mais de cinco anos.

Apesar da estabilidade da população, a possibilidade de desenvolvimento de empreendimentos no litoral paranaense, principalmente nas áreas de planície,  representa uma grande ameaça para a espécie.

O papagaio-de-peito-roxo

Diante do sucesso das atividades com o papagaio-de-cara-roxa e a experiência desse, a SPVS estendeu suas atividades para o monitoramento e conservação do papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea). A espécie é muito capturada para o comércio ilegal de tal forma que sua população vem diminuindo em muitas áreas. Essa espécie está na categoria Vulnerável na lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção. Entre as atividades realizadas para reverter este cenário a busca ativa de locais de nidificação e o monitoramento dos ninhos encontrados com apoio de moradores locais, são realizados para evitar o roubo de filhotes. O projeto também realiza atividades de educação para conservação e monitora o deslocamento das populações que vivem em áreas de Floresta com Araucária, entre os estados de São Paulo e Paraná. Todas as informações obtidas contribuem na identificação de locais prioritários utilizados para abrigo, alimentação ou reprodução como também traz melhor conhecimento sobre o comportamento da espécie. Além disso, é realizado o fortalecimento de parcerias com equipes de gestão de áreas protegidas, órgãos de fiscalização e outros projetos de conservação – como o Programa de Conservação do Papagaio-de-peito-roxo e a iniciativa Papagaios do Brasil.

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Seja consciente: animais silvestres devem viver em ambiente livre

O tráfico de animais representa grande risco à biodiversidade e ao equilíbrio de ecossistemas, além de ser responsável pela entrada de doenças na sociedade. À primeira vista, pode parecer uma prática muito distante, o que não é verdade.

Trata-se da terceira maior atividade ilegal do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. Segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), aproximadamente 38 milhões de animais são retirados da natureza do Brasil por ano.

Conscientize-se e fique atento, o tráfico ou a comercialização ilegal de animais silvestres deve ser denunciada aos órgãos competentes. Ligue: 0800 61 8080 - IBAMA.

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CONHEÇA QUEM APOIA AS AÇÕES DE CONSERVAÇÃO DO PAPAGAIO-DE-CARA-ROXA E DO PAPAGAIO-DE-PEITO-ROXO

O projeto conta com o apoio
da Universidade de São Paulo (USP)

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