Confira a notícia publicada originalmente no Blog Giro Sustentável, da Gazeta do Povo, em 8 de agosto de 2018. Acesse aqui o link da Gazeta do Povo.
O litoral paranaense abriga alguns dos últimos remanescentes ainda preservados do bioma Mata Atlântica. As unidades de conservação que protegem essas áreas naturais são também oportunidades de novos negócios para a região. Iniciativas que estimulam esse potencial de desenvolvimento sustentável foram apresentadas pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) no Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que aconteceu entre os dias 31 de julho e 2 de agosto em Florianópolis (SC).
Na Arena Haroldo Palo Jr., um dos espaços do evento, a SPVS demonstrou os resultados obtidos nos dois anos do projeto Escola de Conservação da Natureza. Ao todo, as duas turmas do projeto – uma no município de Antonina e outra em Guaraqueçaba, ambos no litoral do Paraná – formaram 81 jovens com idades entre 14 e 21 anos, com aulas gratuitas no contraturno escolar. Nos encontros, especialistas de diferentes áreas ensinaram sobre temas como características de fauna e flora do bioma Mata Atlântica, planejamento de vida e empreendedorismo regional baseado na conservação da biodiversidade.
A coordenadora técnica do projeto, Solange Latenek, afirma que “a Escola pretende mostrar a esses jovens que moram em comunidades próximas a Unidades de Conservação que a conservação da natureza é também uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional”.
Laboratório de Conservação
Durante a apresentação dos resultados da Escola de Conservação da Natureza, a SPVS lançou também uma iniciativa voltada aos jovens do litoral paranaense. O Laboratório de Conservação (LaCon) vai reunir novamente os alunos que participaram das duas turmas da Escola para que eles possam sugerir ao poder público propostas de desenvolvimento aliado à conservação para os municípios de Antonina e Guaraqueçaba. “Com o LaCon, os jovens poderão colocar em prática os conhecimentos que adquiriram nas aulas da Escola de Conservação”, diz Solange Latenek. A coordenadora explica que os próprios alunos vão mapear os pontos fracos e fortes da região, identificar as oportunidades de desenvolvimento e redigir um Plano de Desenvolvimento Regional, com sugestões aos governantes. A Escola de Conservação da Natureza e o Lacon são apoiados pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os encontros do Laboratório começam neste mês de agosto. “O papel do projeto será de mediar esse diálogo entre os jovens e o poder público, trazendo as necessidades que esses moradores observam nas suas comunidades”, conta Reginaldo Ferreira, coordernador das três reservas naturais administradas pela SPVS no litoral paranaense.
Outros projetos apresentados no evento
Durante o CBUC, a SPVS também apresentou resultados do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa em São Paulo. O projeto foi criado há 20 anos para proteger essa espécie rara que vive apenas nos litorais do Paraná e São Paulo. Desde 2013, a SPVS passou a atuar também no litoral paulista, onde a retirada de filhotes dos ninhos para comercialização ainda é uma ameaça a essas aves.
Os registros de grandes mamíferos feitos na Reserva Natural Uru, na região dos Campos Gerais, foram tema de outra apresentação. A reserva foi criada por meio do Programa Desmatamento Evitado, da SPVS, que possibilitou a adoção da área pela empresa Posigraf. Hoje, a Reserva Natural Uru abriga espécies importantes como bugio, puma e jaguatirica.