Foram envolvidas mais de 200 propriedades localizadas em áreas de Floresta com Araucária e Campos Naturais, ecossistemas altamente degradados e pressionados por práticas exploratórias. Mais de 160 mil mudas de 70 diferentes espécies nativas foram plantadas em áreas públicas e privadas selecionadas
O Projeto Conexão Araucária, iniciativa da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), da empresa JTI (Japan Tobacco International) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), comemora em junho – mês em que o Dia Mundial do Meio Ambientel (05) e o Dia Nacional da Araucária (24) são lembrados – a vitória de superar a meta de recompor 335 hectares de Mata Atlântica nas regiões sudeste e centro-oriental do estado do Paraná.
Os trabalhos iniciaram em 2018 e buscaram auxiliar produtores rurais a recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs) de pequenas propriedades na Floresta com Araucária e Campos Naturais – dois ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica – para implementar boas práticas de conservação e atender aos critérios do Programa de Recuperação Ambiental (PRA) do Paraná seguindo às definições do Código Florestal brasileiro.
Para ser conduzido tecnicamente pela SPVS, o projeto contou com o financiamento do BNDES e da JTI. Ele também tem o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Água e Terra (IAT), das prefeituras dos municípios envolvidos e da Sociedade Chauá, especializada no cultivo de mudas de espécies nativas, incluindo raras e ameaçadas de extinção, da Floresta com Araucária. No total, 205 proprietários rurais de oito municípios foram diretamente envolvidos e beneficiados com as ações do projeto, dentre eles: São Mateus do Sul, Rebouças, Rio Azul, Mallet, São João do Triunfo, Paulo Frontin, Paula Freitas e Palmeira.
A Floresta com Araucária chegou a ocupar praticamente todo o estado do Paraná, mas, com o passar dos anos, perdeu espaço para práticas de agricultura, sivicultura, pecuária e processos de urbanização desordenados. Hoje, esse ecossistema conta com menos de 1% de áreas em bom estado de conservação, o que significa que mais de 99% dessa formação florestal já foi degradada.
Resultados das atuações em pequenas propriedades privadas
Durante o tempo de execução, o Conexão Araucária atuou em diferentes tipos de propriedades, por meio de parcerias diversificadas. Nas 204 pequenas propriedades integradas à JTI participantes do projeto, 205 hectares em Áreas de Preservação Permanente (APPs) vêm se recuperando. Para isso, mais de 103 mil mudas de espécies nativas foram plantadas e mais de 24 mil metros de cercas de proteção nas áreas de plantio foram instaladas pelo projeto.
Atuação em Unidades de Conservação
Em cinco anos, o Conexão Araucária também atuou em unidades de conservação (públicas e privadas) apoiando o manejo e a recomposição de importantes ambientes naturais. No Parque Ambiental Salto da Pedreira, em Rio Azul, por exemplo, foram 10,5 hectares recuperados, por meio do plantio de enriquecimento com mais de 2,5 mil mudas plantadas.
Na Floresta Nacional de Piraí do Sul, em Piraí do Sul, mais de 53 mil mudas foram plantadas em 46,5 hectares, em parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
Já na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Meia Lua, em Ponta Grossa, foi feita a restauração ecológica em 76,6 hectares, utilizando técnicas de retirada de espécies exóticas invasoras em área de Campos Naturais, outro ecossistema associado ao bioma Mata Atlântica, e o plantio de 728 mudas na área de bordadura da floresta.
No total, foram plantadas mais de 160 mil mudas de 70 diferentes espécies nativas, incluindo as raras e ameaçadas de extinção, em áreas públicas e privadas selecionadas.
Monitoramento das áreas recuperadas
Após o plantio das mudas nativas – que incluem cerca de 70 espécies da Floresta com Araucária, como canelas, butiás, imbuia, erva-mate, e araucária, por exemplo, a SPVS realizou o monitoramento da evolução das mudas, por amostragem.
Maria Vitória Yamada, consultora da SPVS e coordenadora do Conexão Araucária, lembra que 34 propriedades foram avaliadas em três fases de monitoramento de mudas e registros fotográficos em pontos fixos, em oito municípios. “Isso significa que a equipe da instituição foi, no mínimo, cinco vezes nessas propriedades, inicialmente, para realizar o diagnóstico, o plano de restauração, a implementação de cercas e os plantios”, diz.
O monitoramento, inclui atividades que envolvem desde a verificação da manutenção das cercas e perturbações – como ocorrência de fogo, erosão, compactação do solo, seca e geada – como medidas básicas para avaliar a evolução dos plantios, mortalidade de mudas, ataque de formigas cortadeiras e presença de espécies invasoras, por exemplo, explica Maria Vitória.
Nas propriedades que não participaram do monitoramento técnico em três fases, foi realizado o monitoramento simplificado, uma avaliação por meio de um aplicativo de coleta e armazenamento de dados. “Nesse caso, tanto técnicos da SPVS como da JTI fizeram essa avaliação simplificada em campo e tiraram fotos com o objetivo de verificar se ações de restauração estavam sendo mantidas pelo produtor, incluindo manutenção das mudas, e investigar se houve a mortalidade significativa in loco e suas causas”, destaca Patrícia Feldmann, engenheira florestal consultora da SPVS.
Resultados
O monitoramento das áreas, que avaliou o grau de conservação das APPs, constatou que das 204 propriedades, 189 conseguiram manter suas áreas isoladas, representando um total de 93% das propriedades participantes do projeto.
Em um número reduzido de propriedades, foram identificados agentes de degradação da Área de Preservação Permanente (APP), tais como a entrada de animais de criação nas áreas restauradas, que ocorreu devido principalmente à falta de manutenção adequada das cercas que permitiu a entrada de animais domésticos no local de plantio.
“No entanto, é importante destacar que apesar dessas interferências, foi observado que a regeneração natural já se estabeleceu na maior parte das áreas restauradas. Isso indica que, mesmo diante dos desafios enfrentados, essas áreas estão em processo de restauração”, diz Gisele Henning, engenheira florestal responsável pela implementação do Conexão Araucária em campo.
Fase de orientação
Atualmente, o Conexão Araucária está na fase final do projeto e a orientação aos produtores segue agora por meio do acompanhamento dos técnicos em agricultura da JTI, que foram capacitados para orientar o futuro dos trabalhos. “Os técnicos da JTI estão capacitados para tirar dúvidas e apoiar os proprietários rurais. Caso ocorram situações que necessitem de mais atenção, a SPVS continua fornecendo instruções”, pontua Yamada.
Clóvis Borges, diretor-executivo da SPVS, lembra que o projeto contribui também com uma sensibilização maior de toda a sociedade a respeito da exploração e desmatamento da Floresta com Araucária. “O Conexão Araucária é um projeto que promove a conservação dos chamados “serviços ecossistêmicos”, que são os múltiplos benefícios diretos e indiretos gerados pela natureza que sustentam a vida na Terra, como a produção de alimentos, provisão de água, polinização das culturas, qualidade do solo, controle do clima, entre outros”, diz ele.
Coretti La Cava Junior, diretor de Sustentabilidade e EHS da JTI, destaca que o sucesso do projeto em propriedades de produtores integrados à JTI demonstra que o setor como um todo está preocupado com a restauração dos ecossistemas locais e com a conservação da biodiversidade. “Nossas ações, em parceria com a SPVS, o BNDES e outros agentes locais, buscam ampliar efeitos na cadeia e permitem aos agricultores colher resultados e benefícios múltiplos, principalmente, com a manutenção da vegetação nativa que contribui para a preservação do solo, resultando na mitigação do assoreamento dos rios”, defende.
Para o gerente do Departamento de Meio Ambiente do BNDES, Raphael Stein, a finalização desse projeto de restauração faz parte de um ciclo de financiamento não reembolsável do BNDES para projetos de pequeno porte que serviu de base para dar um novo salto de escala nas restaurações, pois há um interesse crescente pelo tema nas políticas públicas e nas empresas. “O resultado positivo do projeto Conexão Araucária para região gera uma série de benefícios que os projetos de restauração fornecem: a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos, a redução dos processos erosivos, além de auxiliar os pequenos produtores rurais a cumprirem as atuais exigências e requisitos ambientais”, disse. Vale destacar que o antigo programa denominado BNDES Restauração Ecológica que financiou o Conexão Araucária, evoluiu para o programa Floresta Viva, que é uma iniciativa conjunta com empresas, destinada a implementar projetos de restauração ecológica com espécies nativas e sistemas agroflorestais nos biomas brasileiros.
No tempo de condução do projeto, o Conexão Araucária também desenvolveu produtos audiovisuais mostrando mais detalhes sobre as ações. Para assistir, acesse:
Sobre a SPVS
Desde 1984, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) realiza ações voltadas à proteção do patrimônio natural no sul do país. É hoje considerada uma das mais representativas organizações especializadas no tema da conservação da biodiversidade no Brasil com foco no bioma Mata Atlântica, e suas atividades apresentam grande afinidade com a inovação e busca de atendimento a prioridades no campo da conservação.
Sobre a JTI
A Japan Tobacco International (JTI) é uma empresa internacional líder em tabaco e cigarro eletrônico, com operações em mais de 130 países. É proprietária de Winston, segunda marca mais vendida do mundo, e de Camel. Outras marcas globais incluem Mevius e LD. Também é um dos principais players no mercado internacional de cigarro eletrônico e tabaco aquecido com as marcas Logic e Ploom. Com sede em Genebra, na Suíça, emprega mais de 40 mil pessoas e foi premiada com o Global Top Employer por oito anos consecutivos. No Brasil, são mais de 1,2 mil colaboradores em nove Estados. A operação contempla a produção de tabaco – por meio de mais de 11 mil produtores integrados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – compra, processamento e exportação de tabaco, fabricação, venda e distribuição de cigarros em mais de 20 Estados do Brasil. As marcas comercializadas são Winston, American Spirit, Djarum, L.A e Camel, esta última também exportada para a Bolívia. É Top Employer Brasil desde 2018 e, em 2022, ficou em #1 no ranking nacional, repetindo a conquista em 2023. A JTI acredita na liberdade de escolha de seus consumidores. Por isso, disponibiliza amplamente informações sobre as consequências do tabagismo. Saiba mais em www.jti.com/brasil.