SPVS apresentará um plano de restauração ecológica para a revitalização da área
A presença das plantas exóticas consideradas invasoras nas florestas nativas, campos naturais e banhados é uma das principais causas de danos à biodiversidade. São plantas com capacidade de disseminação rápida e geram uma competição com as espécies nativas por território, água, luminosidade, nutrientes, até mesmo por polinizadores e dispersores, provocando desequilíbrio e, por fim, impactos ambientais negativos. As exóticas invasoras, muitas vezes, não permitem a recuperação do ambiente natural, dependendo da gravidade do que foi causado no ecossistema em que foi inserida.
A perda da biodiversidade afeta diretamente a sociedade que depende dos benefícios providos pela natureza, como, por exemplo, para regulação do clima no planeta, manutenção do ciclo de chuvas, proteção contra desastres naturais, formação e fertilidade dos solos, controle da erosão, armazenamento de carbono, ciclagem de nutrientes, disponibilidade de água e muitos outros.
Por esse motivo, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) assinou um termo de cooperação técnica com a prefeitura municipal de Rio Azul (PR), em que estabelece parceria entre as duas instituições para o desenvolvimento de ações de restauração ecológica no Parque Ambiental Salto da Pedreira, por meio do Projeto Conexão Araucária. ‘‘Uma das técnicas que será utilizada no Parque é o manejo das espécies exóticas invasoras’’, diz a coordenadora do Projeto Conexão Araucária, Vitória Yamada.
Além disso, é importante que a população, sobretudo, os moradores da região e visitantes, entendam a importância deste processo, sendo o parque um local ideal para divulgar essas informações e mostrar como se faz na prática. ‘‘A educação para as boas práticas de conservação é fase essencial no processo de restauração ecológica’’, afirma a bióloga.
De acordo com a coordenadora do projeto, as plantas exóticas invasoras podem surgir de modo acidental ou serem introduzidas propositalmente em propriedades ou áreas públicas. ‘‘Muitas são introduzidas por seu valor econômico, como é o caso do pinus, da ameixa-amarela, da uva-do-japão, para citar alguns exemplos, mas podem até ser trazidas por meio de solos, materiais contaminados ou plantas presas em rodas de veículos’’, afirma.
É relevante ressaltar que cada espécie tem seu potencial de invasão, ou seja, dependendo de suas características elas podem ser mais ou menos agressivas em cada ambiente. Algumas frutíferas, nas quais a dispersão de suas sementes depende de animais, podem ter menor alcance do que aquelas que espalham suas sementes pelo vento, como o pinus. No entanto, é importante garantir que o ciclo das espécies nativas seja completo, eliminando a concorrência com invasoras.
Após a retirada das espécies exóticas invasoras, que já está sendo feita pela prefeitura de Rio Azul, por conta da estação do ano que ajuda a ter menor dispersão, a SPVS vai apresentar o Plano de Restauração Ecológica, que prevê o plantio de mudas de espécies nativas, incluindo raras e ameaçadas de extinção, como a Araucária e a imbuia. O plano, que já está quase finalizado, deve ser aprovado pela prefeitura da cidade e, só então, colocado em prática pela instituição, revitalizando o local e trazendo o equilíbrio da biodiversidade novamente. O plantio acontecerá no período da primavera, por ter maiores chances de sucesso no desenvolvimento das espécies.
Para quem deseja contribuir para evitar a contaminação com espécies exóticas invasoras, Vitória Yamada recomenda: ‘‘Antes de plantar uma espécie em sua propriedade, conheça a origem e evite as invasoras’’, diz. ‘‘É preciso destacar que nem toda planta exótica é uma invasora, mas plantar nativas é sempre a melhor opção’’, conclui.
Esta iniciativa conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e apoio da empresa JTI como principal parceiro no desenvolvimento das atividades.