Registros foram feitos por armadilhas fotográficas em agosto
Armadilhas fotográficas registraram novos indivíduos de onça-pintada (Panthera onca) na região da Grande Reserva Mata Atlântica, área que abrange dois milhões de hectares bem conservados do bioma nos Estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. O registro pode ser conferido neste link. Além destes, em julho de 2018, foi reportado o primeiro registro em imagem da ocorrência de onças-pintadas na Serra do Mar paranaense. Na ocasião, um macho e uma fêmea apareceram juntos na mesma imagem.
A onça-pintada é o maior felino do continente americano e atualmente é classificada como “vulnerável” pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção de 2018 elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A estimativa é de que existam apenas 250 indivíduos da espécie em todo o bioma Mata Atlântica.
Os registros são resultados de projetos desenvolvidos na região desde 2009 por uma equipe coordenada pelo pesquisador do Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) e pós-doutorando do Programa de Ecologia e Conservação da UFPR, Roberto Fusco Costa, em parceria com a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). Além da onça-pintada, outros animais foram registrados na região, como a jaguatirica (Leopardus pardalis), o puma (Puma concolor), o cachorro-vinagre (Speothos venaticus), a anta (Tapirus terrestres) e a queixada (Tayassu pecari). “A onça-pintada é um animal que está no topo da cadeia alimentar. A presença do animal indica o bom estado de conservação do local favorecendo a sobrevivência desta e de outras espécies, como mostram os outros registros”, explica Fusco.
Atualmente esses projetos integram o Programa de Monitoramento de Grandes Mamíferos na Grande Reserva Mata Atlântica que representa uma iniciativa do IPeC e do Instituto Manacá para promover um monitoramento integrado e em larga escala de espécies ameaçadas, gerando informações que irão auxiliar no planejamento de conservação e na avaliação das ações de proteção e manejo das áreas protegidas, em nível local e territorial.
A manutenção de áreas em bom estado de conservação também traz benefícios socioeconômicos para a região, já que permite que esses animais sejam vistos e admirados, fomentando o turismo de natureza, a pesquisa científica e ações de educação para conservação. “Com responsabilidade e educação, o turismo de natureza pode gerar empregos, movimentando a economia nas comunidades locais, valorizando o patrimônio cultural e histórico da região”, ressalta o responsável pelas reservas da SPVS no litoral paranaense, Reginaldo Ferreira.
O programa tem apoio da WWF-Brasil e patrocínio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Investimento em conservação
O investimento privado, em especial no território da Grande Reserva Mata Atlântica, uma das regiões mais exuberantes e biodiversas do mundo, contribui para a conservação da biodiversidade e a manutenção dos serviços ecossistêmicos, mantendo a qualidade do solo, fornecendo segurança hídrica e contribuindo para a produção de chuvas, por exemplo.
Desde 2016, o programa conta com a parceria do Banco ABN AMRO. O apoio financeiro ao programa é um dos principais investimentos da instituição em ações para a conservação da natureza e rendeu ao banco o reconhecimento da Certificação LIFE, metodologia que reconhece empresas que incorporam a conservação da natureza em sua agenda ambiental. “Conhecemos o trabalho do instituto IPEC em 2016 e nos encantamos com o projeto de conservação de mamíferos de grande porte na Serra do Mar. O apoio financeiro veio como parte do nosso programa para neutralização do impacto da nossa atividade ao meio-ambiente e fomos a primeira instituição financeira a obter o Certificado LIFE. O banco ABN AMRO tem orgulho dos resultados alcançados e da nossa contribuição para proteção da biodiversidade brasileira”, ressalta Mateus Praxedes, Chief Risk Officer (CRO) do ABN AMRO Brazil.