Proteger e usar os recursos naturais de forma consciente e equilibrada deveria ser o comportamento padrão de nossa civilização, uma vez que dependemos diretamente da natureza para nossa sobrevivência e qualidade de vida. No entanto, temos degradado mais o nosso planeta do que protegido, e as consequências negativas da nossa forma de viver estão cada vez mais evidentes. A boa notícia é que muitas pessoas e organizações ao redor do mundo estão engajadas em reverter esse cenário, rever os padrões de produção e consumo e mudar a forma de se relacionar com a natureza.
No Brasil, há quase 20 anos, foi instituída nacionalmente a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), uma categoria privada de área protegida, criada por desejo voluntário do proprietário, com respaldo legal e gravada com perpetuidade. Atualmente são mais de 1500 Reservas, espalhadas por todo o país, que juntas protegem uma área equivalente a cinco vezes a cidade de São Paulo.
As RPPN têm uma importante função na proteção da biodiversidade, permitem a preservação de espécies raras e ameaçadas ou endêmicas, preservam o solo e os recursos hídricos, além de serem espaço para pesquisa e educação ambiental, podendo alavancar o ecoturismo em sua região e impedir a expansão urbana sobre áreas naturais relevantes.
O proprietário pode escolher em qual nível de governo pretende criar sua RPPN, se Federal, Estadual ou Municipal, sendo estes dois últimos exclusivos para os Estados e Municípios com legislação própria. Atualmente Curitiba (PR) é a segunda cidade com o maior número de RPPN, sendo que todas elas são de âmbito municipal, com a particularidade de se localizarem em zona urbana.
Reconhecendo a importância dessa conservação voluntária, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS vem ao longo de mais de três décadas de trabalho em conservação da natureza atuando fortemente na criação e gestão de RPPN, e no apoio à pesquisa e políticas públicas sobre o tema no sul do país. Nesse sentido, a SPVS com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza elaborou um guia com objetivo de apresentar caminhos para a sustentabilidade econômica das RPPN, trazendo informações gerais sobre as reservas privadas e as fontes de apoio técnico e financeiro disponíveis e passíveis de serem implementadas.
Sem a intenção de esgotar o assunto, espera-se que essas informações sejam úteis, auxiliem e inspirem proprietários de RPPN, associações e o poder público na gestão e melhoria dessa importante estratégia para conservação da biodiversidade.