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Fundação Florestal vai monitorar a população de espécies nativas de papagaios da Mata Atlântica em Unidades de Conservação paulistas

Os dados coletados ao longo de três anos serão importantes para a instituição definir ações de proteção ambiental nessas áreas



Créditos: Zig Koch

Em 2023, a Fundação Florestal lançou edital público para a contratação de serviços de

monitoramento populacional e reprodutivo de duas espécies de papagaios que ocorrem

no bioma de Mata Atlântica, o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) e o

papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea). A SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida

Selvagem e Educação Ambiental) foi a instituição contratada para a execução do

programa.


Os trabalhos tiveram início em junho de 2023 e devem se encerrar em maio de 2026. O

objetivo principal do levantamento é compreender a incidência e o uso que o papagaio-

de-cara-roxa e o papagaio-de-peito-roxo fazem de 13 Unidades de Conservação (UCs)

no estado de São Paulo, um território aproximado de 253 mil hectares. Em sete delas,

vive o papagaio-de-cara-roxa e em seis o papagaio-de-peito-roxo.


A seleção das UCs foi feita pela Fundação Florestal levando em conta o fato de que são

áreas importantes para a conservação da biodiversidade da região. Durante o trabalho,

a equipe técnica do programa vai estimar o tamanho da população de cada espécie,

localizar onde ficam os principais dormitórios e sítios reprodutivos dentro das UCs e

nas áreas de entorno, fazer o acompanhamento e o monitoramento reprodutivo e

compreender como os papagaios utilizam e interagem com o ambiente natural onde

vivem. Também estão previstas ações de comunicação, interação com as comunidades

locais e ações de educação ambiental para informar e sensibilizar as pessoas sobre a

importância das espécies e das UCs para o equilíbrio e a conservação da Mata Atlântica.


As informações coletadas e apresentadas ao fim dos trabalhos, no primeiro semestre

de 2026, serão de grande importância para contribuir com a Fundação Florestal na

gestão dessas Unidades de Conservação. Os dados de monitoramento populacional e

reprodutivo devem subsidiar ações de proteção, uso público e educação ambiental das

unidades e as atividades de comunicação e educação ambiental serão desenhadas para valorizar as UCs e toda a sua biodiversidade”, explica Elenise Sipinski, coordenadora

dos projetos de fauna da SPVS.


A SPVS já trabalha com a conservação das duas espécies no bioma de Mata Atlântica há

anos. No caso do papagaio-de-cara-roxa, a instituição contratada pela Fundação

Florestal tem experiência com a espécie desde 1998, quando implementou, no litoral

norte do Paraná, o Projeto de Conservação do Papagaio-de-Cara-Roxa. Em 2013, as

ações foram expandidas também para o litoral sul de São Paulo, quando a entidade

venceu edital então lançado pela Fundação Florestal.


Todas as ações do programa estão em consonância com o Plano de Ação Nacional

(PAN) de Conservação dos Papagaios e mais recentemente com o PAN das Aves da

Mata Atlântica. No caso do papagaio-de-peito-roxo, a experiência já vem desde 2018.


Para Edson Montilha, coordenador do programa pela Fundação Florestal, o programa

de conservação é de extrema importância para dar continuidade ao trabalho que já era

realizado e agora, nessa nova fase, com o diagnóstico, monitoramento e as ações de

conservação voltadas para as ações de gestão das áreas protegidas do estado,

produzirão informações que devem melhorar aspectos importantes da gestão como

melhor inteligência na proteção da espécie, manutenção dos ninhos naturais,

enriquecimento artificial e atividades de educação ambiental. “Com este programa, a

Fundação Florestal assume um protagonismo nas ações de gestão e manejo de espécies

ameaçadas de extinção”.


A Fundação para a Conservação e Produção Florestal do Estado de São Paulo, ou

apenas Fundação Florestal, é uma instituição da administração indireta vinculada à

Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo

(SEMIL). Atualmente, a instituição é responsável pela gestão administrativa, territorial

e técnica de 152 áreas protegidas que somam quase 4,7 milhões de hectares, além de 1,1

milhão de hectares de área marinha ao longo do litoral paulista.






Papagaio-de-cara-roxa


Créditos: Zig Koch

O papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) é uma espécie endêmica da Mata

Atlântica, ou seja, existente só neste Bioma, podendo ser avistada desde o litoral sul de

São Paulo (SP) até o litoral do Paraná (PR). A espécie é impactada pela destruição do

seu habitat e pela captura ilegal de filhotes, estando por muitos anos na lista Nacional

de Espécies Ameaçadas de Extinção na categoria Vulnerável, segundo o Ministério do

Meio Ambiente (MMA), atualmente está na categoria Quase Ameaçada. Na lista

estadual paulista de espécies ameaçadas de extinção está na categoria Vulnerável. No

estado de SP a estimativa populacional é de, aproximadamente, 1.700 indivíduos.


O constante trabalho da Fundação Florestal e várias instituições parceiras permitiu

observar melhorias na condição de sobrevivência da espécie e, com isso, diminuir seu

grau de ameaça. Não significa que a espécie esteja segura. Ao contrário, ela ainda

necessita de medidas de conservação para que não retorne à Lista Nacional de Espécies

Ameaçadas de Extinção. Sendo, neste sentido fundamental a continuidade do

programa. Atualmente, a espécie tem uma população estimada em cerca de nove mil

indivíduos.



Papagaio-de-peito-roxo


Créditos: Zig Koch

É uma espécie que se alimenta, principalmente, de frutos, mas também consome

sementes, folhas, flores e seus rebentos. O pinhão, semente da araucária, é um dos

principais itens consumidos pelo papagaio-de-peito-roxo no sul do Brasil. A espécie

ocorre no Sudeste e Sul do Brasil, oeste do Paraguai e nordeste argentino. Precisam de

buracos de árvores (ocos de troncos) e fendas formadas pela decomposição dos troncos

para fazer os ninhos e se reproduzir. Com a degradação da Floresta com Araucária,

foram perdendo a oferta de alimentação e os locais para a reprodução e abrigo.


O papagaio-de-peito-roxo é muito capturado para o comércio ilegal. A espécie está na

categoria Vulnerável, na lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção do

Ministério do Meio Ambiente (MMA). Estima-se que existam hoje apenas cerca de

cinco mil exemplares desta espécie no Brasil.

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