Pesquisa realizada por cientistas da UFPR na Reserva Natural Guaricica registrou um total de 204 espécies de samambaias e licófitas
(Detalhe da samambaia identificada na Reserva Guaricica. Fonte: Fernando Matos)
Uma espécie de samambaia ainda não registrada foi encontrada na Reserva Natural Guaricica, em Antonina, no litoral paranaense. A Oleandra australis é conhecida apenas de duas coletas provenientes da reserva, que protege 8,7 mil hectares do bioma Mata Atlântica. A espécie é descrita como raríssima pelos pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), responsáveis pela coleta. Essa variedade de samambaia não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo.
O estudo analisou amostras coletadas na reserva natural mantida pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), abrangendo uma área de floresta preservada na região da planície costeira do estado, entre o Oceano Atlântico e as montanhas da Serra do Mar.
O número de samambaias e licófitas encontradas na reserva é maior, por exemplo, que as espécies registradas em todo o território da Nova Zelândia, além de representar 47% das variedades de samambaias e licófitas já identificadas no estado do Paraná. Segundo Fernando Matos – um dos autores do estudo e Doutor em Biologia pela Universidade da Cidade de Nova York –, a pesquisa também foi a primeira a compilar as 204 espécies da planície costeira do Paraná em uma lista de classificação. “Os resultados desse estudo complementam o conhecimento já existente sobre a flora do Paraná. Encontramos na Reserva Natural Guaricica aproximadamente 40 espécies exclusivas da Mata Atlântica brasileira”, explica.
A maior parte das amostras coletadas foram analisadas utilizando bibliografias especializadas e comparando com coleções dos herbários do Museu Botânico Municipal (MBM), do Jardim Botânico de Nova York (NY) e da Universidade Federal do Paraná (UPCB). De acordo com Fernando, as visitas para coleta contaram com apoio logístico e orientações da equipe técnica da SPVS. “Muitos fatores podem contribuir para a diversidade encontrada neste estudo, incluindo a extensão da área, vegetação de diferentes tipos, entre outros. Com uma ótima infraestrutura para pesquisadores, a Reserva Guaricica é um dos melhores lugares para desenvolvimento de estudos nesta área no Brasil”, afirma Matos.
(Espécie da samambaia identificada na Reserva Guaricica. Fonte: Fernando Matos)
Reserva Natural Guaricica
A Reserva Natural Guaricica foi criada pela SPVS em 1999 e tem cerca de 8.7 mil hectares de extensão. A área foi adquirida pela instituição e passou por um processo de restauração ecológica para recuperar biodiversidade da Mata Atlântica na região. Dentro da reserva estão o Centro de Educação Ambiental da SPVS e com a Trilha da Guaricica, composta por um percurso de 1.200 metros e uma das mapeadas para utilização pelos pesquisadores.
As reservas da SPVS já acolheram o desenvolvimento de mais de 100 pesquisas científicas de diferentes instituições, cerca de 15 deles em parceria com a UFPR. “Os pesquisadores encontram uma infraestrutura completa para os trabalhos de campo, que inclui alojamento, refeitório, sala de trabalho com acesso à internet e trilhas mapeadas para monitoramento. A realização de pesquisas é essencial para a geração de conhecimento que responda a questões do manejo das reservas, para que elas cumpram com o seu objetivo principal de criação: a conservação da biodiversidade”, comenta Reginaldo Ferreira, coordenador das Reservas Naturais da SPVS.
Além da conservação do bioma e de espécies raras da fauna e flora nativas, as Reservas Naturais também geram benefícios sociais e econômicos. As três reservas mantidas pela SPVS fazem parte da Grande Reserva Mata Atlântica, iniciativa que tem o objetivo de tornar o último grande remanescente preservado deste bioma um destino para o turismo de natureza, promovendo o desenvolvimento econômico regional. O projeto envolve atores de diversas áreas, abrangendo um vasto contínuo de quase dois milhões de hectares entre os Estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
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