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Como a SPVS trabalha para educar e transformar a realidade ambiental no Paraná e no Brasil há 40 anos.


Ciente de que a crise global em relação ao meio ambiente é, acima de tudo, uma crise educacional, instituição se dedica a trabalhar para mudança de mentalidades e cenários há mais de quatro décadas, consciente de que ainda tem muito trabalho pela frente


Em novembro de 2024, a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) completa 40 anos de vida e atividades ininterruptas em prol da conservação da biodiversidade. Ao longo deste caminho, a educação ambiental voltada para a conservação da natureza faz parte não apenas do nome, como também da história da SPVS, especialmente devido ao poder de transformação da prática.


Pensando na melhor forma de envolver as comunidades com as demais ações de conservação da natureza promovidas por projetos de diferentes linhas, as ações educativas promovidas pela SPVS têm lugar de grande destaque nas quatro décadas de vida da instituição, especialmente, devido à forma como foram conduzidas e ao impacto que geraram até então. 


Percorrendo municípios onde inúmeros projetos já foram instalados, é muito comum encontrarmos jovens e adultos se referindo com carinho ao fato de terem participado de ações educativas promovidas pela SPVS no passado, bem como professores e professoras que passaram pelas formações oferecidas pela instituição e seguem multiplicando até hoje a missão de valorizar a natureza em sala de aula. São muitas as histórias de afeto envolvendo educação e a instituição paranaense, cujo coração mora na Mata Atlântica.


Enquanto áreas degradas foram sendo transformadas novamente em florestas no litoral norte do Paraná, as mãos que outrora desmataram e caçaram por falta de oportunidades, passaram a produzir natureza e puderam segurar um lápis pela primeira vez nas aulas de educação de jovens e adultos, promovidas no espaço da então Reserva Natural Rio Cachoeira, hoje Reserva Natural Guaricica. A restauração de 19 mil hectares deixou um legado além dos serviços ecossistêmicos e das centenas de vagas de emprego geradas ao longo de 24 anos: aprender a ler e a escrever, acessar informações e direitos, estudar para poder olhar o mundo além do conhecido e para exercer novas tarefas em diferentes funções no trabalho, trouxe mais saúde, paz, esperança, dignidade e qualidade de vida para toda uma comunidade envolvida com as ações de manejo implementadas nas reservas naturais. A educação promovida durante todos esses anos foi um componente essencial para que a restauração da vida na região fosse completa.


As metodologias de educação para a conservação têm sido discutidas e aplicadas no Brasil e no mundo desde antes da Eco92, no entanto, chegamos impassíveis a uma tremenda crise ambiental, com agrotóxicos e microplásticos sendo ingeridos enquanto as mudanças climáticas já influenciam diretamente na forma como vivemos, nos negócios, na segurança alimentar, nos processos migratórios, na disponibilidade de água e em tantos outros fatores que geram medo do futuro por escolhas que nós mesmos fizemos. 


A partir deste contexto, a SPVS já aplicou pesquisas de percepção e investigação a diversos públicos em territórios nos quais projetos ambientais seriam implantados, para sondarmos as causas relacionadas às más escolhas que nos colocam nesta situação, gerando dados relacionados à desinformação sobre a biodiversidade, falta de compreensão sobre fenômenos socioambientais e, principalmente, uma profunda desconexão entre a sociedade a natureza. Dada a conclusão de que a crise ambiental está intimamente ligada à crise na educação que, por sua vez, nos levou a pensar e agir dessa forma auto degradante em diversas camadas, cabe então à educação a iniciativa de reverter a situação.



Há dez anos, o Programa de Educação para Conservação da Natureza da SPVS vem aplicando pesquisas e promovendo ações que sensibilizam, informam e instrumentalizam pessoas de diversas idades, culturas e profissões para que incluam a conservação da biodiversidade durante o exercício da cidadania, a partir da reconexão com as áreas naturais e a biodiversidade.


Da década de 1990 até 2024, a SPVS já sensibilizou milhares de estudantes, professores, universitários e envolveu muitas escolas e universidades em ações de educação para a conservação, entre elas, UFPR (Universidade Federal do Paraná), UFPR Litoral, PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), Unicentro e IFPR (Instituto Federal do Paraná). No total, mais de cinco mil pessoas já passaram pelas reservas da SPVS até hoje.


Entre as alterações de mentalidades mais significativas promovidas pelos esforços dos trabalhos, nos alegra lembrar a primeira turma de alunos do projeto escola de conservação da natureza, formada por jovens moradores das comunidades próximas as reservas naturais Guaricica e das Águas, que fizeram por conta própria um juramento coletivo se comprometendo em zelar pelo território, emocionando a todos os presentes. 


Atendendo às demandas observadas nas pesquisas, materiais didáticos exclusivos foram elaborados e milhares de professores e professoras já passaram por formação para atuarem como multiplicadores entre dezenas de milhares de crianças, que impactam positivamente suas respectivas famílias. Comunidades locais, estudantes e pesquisadores estreitam laços construindo conhecimento, e cada pessoa que tem a oportunidade de reconectar-se com a natureza, carrega em suas mãos a semente de um futuro mais seguro para todos nós. Temos consciência da influência que a educação exerce sobre o meio ambiente e é um orgulho fazer parte da construção desta transformação social, mas que ainda tem muito trabalho a fazer pela frente. Estamos prontos e dispostos para produzir futuro agora.


Confira alguns números já gerados pelo programa de educação em conservação para a biodiversidade da SPVS:


  • Mais de 4 mil professores já capacitados;

  • 10 municípios parceiros para formações: Antonina, Lapa, Balsa Nova, Guaraqueçaba, Campo Largo, São José dos Pinhais, Piraquara, Curitiba, São João do Triunfo e São Mateus do Sul;

  • Pelo menos 150 mil alunos e suas famílias sensibilizados indiretamente; 

  • Manual do Educador para Conservação da Natureza feito em versão digital.

  • Coleção “Nosso Litoral” em 3 volumes; Mais de 200 unidades impressas distribuídas para professores de Antonina e de Guaraqueçaba durante as formações.

  • 30 Aulas gravadas, editadas e disponibilizadas para estudantes durante o momento da pandemia causada pela Covid-19;

  • 90 mil Bioboletinzinhos impressos para São José dos Pinhais (PR) e Piraquara (PR).

  • Mil cartilhas da Turma do Litoral distribuídas em Guaraqueçaba (PR).

  • Mil Gibis da Turma do Pinho elaborados para regiões Floresta com de Araucária e Campos Naturais.

  • Produção do Almanaque da Turma do Bio para o projeto Conexão Araucária.


Todos esses materiais didáticos foram escritos após pesquisa de percepção e investigação pedagógica para atender demandas específicas e planejar a melhor forma de gerar impacto positivo, aprendizagem significativa e reconexão com os espaços naturais, somando a adesão de 95% dos educadores para utilização dos produtos em sala de aula.


Solange Latenek é coordenadora-técnica responsável pelas ações de educação para a conservação na SPVS e coordenadora da pós-graduação em Conservação da Biodiversidade da PUC-PR.


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